Colica Renal na Gestação

Caso 1- Gestante de 32 semanas, evoluindo com intensa dor lombar, há 3 dias. Ao US presença de moderada hidronefrose à esquerda, acompanhando o trajeto ureteral evidencia-se um cálculo no ureter distal.⠀

Caso 2- Gestante de 30 semanas, lombalgia à direita com hematúria, há 2 dias. Ao US identifica-se importante hidronefrose à direita. No acompanhamento do trajeto ureteral nota-se um cálculo no ureter terminal, acompanhado de espessamento difuso da junção ureter-vesical. (JUV)⠀

A cólica renal ocorre pela migração de um ou mais cálculos para o ureter, obstruindo o fluxo da urina, o que distende a cápsula renal e causa intensa dor.⠀
A topografia em que a obstrução ocorre influência na localização da dor, variando de dor lombar, abdominal, pélvica ou genital.⠀
O local mais frequente de obstrução é a junção ureter-vesical (JUV), seguida pelo ureter proximal, junção pielo-ureteral, ureter distal e cruzamento com os vasos ilíacos.⠀

A relevância da cólica renal na gestação se deve não apenas ao sofrimento, causado pela dor, mas pelo risco de causar perda de líquido amniótico (amniorrexe) e por aumentar o risco de ocorrer parto prematuro.⠀

O US de abdome total é o exame de escolha na avaliação de dor abdominal em gestantes, apesar da sua baixa especificidade. Um dos fatores que prejudicam o diagnóstico é que 90% das gestantes apresentam hidronefrose fisiológica gestacional.⠀
Além da hidronefrose outros sinais indiretos de obstrução urinária são ausência de jato ureteral e aumento do índice de resistividade da artéria renal.⠀

A TC de abdome é pouco usada em gestantes, devido aos riscos de terato gênese.⠀

A análise da urina e urocultura são pertinentes nestes casos pois hematúria microscópica ocorre em 92,9% das cólicas renais e é rara na gestação. Permite afastar ITU, importante diagnóstico diferencial em dor abdominal de gestantes.⠀

Referência: Korkes F, Rauen E C, Heilberg I P. Litíase urinária e gestação. J Bras Nefrol 2014;36(3):389-395.